Como Abrir um Negócio

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Quais os cuidados ao se abrir uma Franquia? O que se deve verificar antes de abrir uma Franquia? É um bom negócio abrir uma franquia?

Franquias, nem sempre um bom negócio

por Marcelo Teixeira Cossalter

Consideradas por muitos a forma mais segura de ter o próprio negócio, as franquias seguem em ritmo de crescimento. Em 2008, mesmo com os efeitos da crise econômica mundial, o segmento avançou 19,4%, superando as previsões de 17%. O setor faturou R$ 55 bilhões em 2008, conforme dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

O número de empresas de franchising no país aumentou 15,2%, bem como o número de unidades franqueadas, que passou de 65,5 mil em 2007 para 71,9 mil no ano passado, 9,8% a mais. A geração de empregos também é um ponto forte do setor. Somente em 2008, foram gerados 54 mil novos postos de trabalho, totalizando 648 mil empregos diretos.

Tal crescimento deve-se, sobretudo, ao senso empreendedor do brasileiro, mas devemos levar em conta a estabilidade econômica, juros em queda e inflação sob controle. Este cenário afasta o capital especulativo e favorece os investimentos mais produtivos e a geração de empregos, ou seja, as pequenas e médias empresas.

Muitos investidores acreditam que, com um modelo já testado, o investimento, embora muitas vezes maior, quase sempre proporciona retorno. Na prática não é bem assim. Como qualquer outro empreendimento, uma franquia requer alguns cuidados e muito planejamento. E o primeiro problema a ser enfrentado pode ser o excesso de otimismo.

Muitas vezes, quem resolve abrir uma franquia aposta em um retorno rápido do investimento, o que de fato não ocorre na velocidade esperada. Este otimismo é comum e está ligado ao fato das pessoas procurarem franquias de marcas já conhecidas e consolidadas no mercado. Decisão que realmente facilita o sucesso, contudo não garante. Como qualquer negócio, é preciso elaborar um business plan, no qual deve ser identificado o tempo para retorno e valor do investimento, além de como serão obtidos os recursos e qual a necessidade de capital de giro.

Ainda conforme os dados da ABF, os setores que mais se destacaram em 2008 foram os de acessórios pessoais e calçados, que faturou 44,8% mais do que em 2007. O setor de negócios, serviços e outros varejos cresceu 21,1%, informática e eletrônicos, 5,6% e hotelaria e turismo, 11,6%. Mas, não adianta apenas olhar para o mercado, outra característica essencial a considerar é o perfil do investidor e se fazer algumas perguntas.

Você tem aptidão para o tipo do negócio escolhido? Qual é o seu perfil? Está no ramo que gostaria? Perguntas simples e de caráter não técnico podem definir a abertura ou não de determinada franquia. Não adianta investir em algo que pareça vantajoso em um primeiro momento, mas que depois pode se tornar penoso. Não basta ser empreendedor, é necessário gerir o negócio com muita dedicação e paixão.

Há também alguns aspectos técnicos que devem ser relevados pelo investidor. Antes de abrir a franquia, ele deve buscar resposta para as seguintes perguntas: Este negócio é auto-sustentável ou replicável? Em quais tipos de mercado vou atuar? Qual o tamanho desse mercado? O negócio depende do meu expertise ou de outras pessoas para funcionar? São necessárias condições específicas para que o negócio prospere ou tais condições estão presentes no mercado?

Respondidas as perguntas, é preciso verificar como está o posicionamento da marca no mercado, qual o suporte e ferramentas a rede vai prover. Para tal é preciso coletar informações financeiras em relação à marca ou franqueadora, buscando identificar a estrutura necessária de equipe e infra-estrutura.

Caso após a identificação de todos os itens, se conclua que o negócio é bom para o investidor, começa o tramite jurídico e documental, que também requer paciência. Para abertura de uma franquia, a franqueadora deve apresentar o COF (Contrato de Oferta de Franquia) no qual deve conter de forma detalhada as obrigações da franquia e da franqueadora, como o pagamento de royalties, ferramentas e suporte oferecido, modelo de prestação de contas, verbas de marketing entre outros.

Após aprovação do COF, é elaborado um contrato definitivo e, só após o tramite jurídico, é que as operações podem ser iniciadas. O mais importante é saber que o investimento em franquias não difere muito do investimento em um outro negócio. Riscos e possibilidades andam juntos.

Marcelo Teixeira Cossalter é diretor da área de gestão e de Risk Management da Crowe Horwath RCS

Franquia: não deixe o sonho se tornar pesadelo

por Patrícia Barreto Gavronski

Habitualmente, quando faz a análise de uma franquia, o potencial empreendedor rapidamente pensa em marca, porte da empresa e potencial de lucratividade. Entretanto, existem pontos importantes a serem considerados que o investidor muitas vezes não releva.

Um desses pontos importantes é o contrato de franquia que, juntamente com a COF (Circular de Oferta de Franquia), é um dos instrumentos mais eficazes para o franqueado se proteger de futuros problemas.

Entendo que apenas um contrato qualquer e a própria COF não representam uma segurança total para o franqueado. Mas se ambos forem bem estruturados e de acordo com a Lei de n. 8955/95, orientados por uma análise jurídica especializada, podem se tornar o grande diferencial para o futuro do negócio.

O investidor deve ter em mente que qualquer negócio envolve risco, mas que uma boa assessoria jurídica, preventiva, pode minimizar essa questão. Para a seleção de uma franquia, é recomendável que o investidor, antes de tudo, levante seu potencial financeiro e seja consciente, converse com alguns franqueados mais antigos, intermediários e os mais recentes, além de exigir todos os documentos que a lei abriga, tais como: COF, que contém todas as regras que envolvem as partes, balanço, pendências judiciais, valores de investimento, franqueados que já se desligaram da rede e etc., e o contrato de franquia, que irá prevalecer para designar todas as condutas relacionadas ao mote do negócio.

É importante destacar também que o investidor não deve assinar, de forma alguma, o contrato de franquia antes de 10 dias após o recebimento da COF, pois assim prevê a Lei.

Documento igualmente de grande valia é o demonstrativo de resultados, que irá direcionar o investidor nas questões de administração com as despesas, tais como aluguel, luvas de ponto comercial, se houver, despesas operacionais, ponto de equilíbrio e estimativa de retorno do capital investido.

Cabe considerar que as unidades franqueadas vêm crescendo ano a ano, devido à sua expansão através de um sistema de operação já testado. Paralelamente, porém, aumentam os problemas oriundos da má gestão de alguns franqueadores e, como conseqüência, o volume de ações judiciais.

Seja preventivo e analise cada detalhe, pois o contrato que será assinado com o franqueador terá vigência até seu término, mas pode deixar problemas que seguirão por mais alguns anos.

Para ser bem objetiva, acredito que a realização de um sonho pode incluir alguns riscos, mas podemos trabalhar preventivamente para que ele não se transforme em um pesadelo, mas sim em uma atividade de sucesso. Por isso, faça valer essa premissa, já que o seu investimento é resultado de suas conquistas.

Patricia Barreto Gavronski é sócia do Grupo Machado, especialista em marketing e franchising, suporte jurídico e tributário para redes de franquia.

Fonte:
www.empreendedor.com.br

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